Imobiliário: o que aconteceu este verão na Europa?

O verão de 2023 foi um marco para todo o mercado imobiliário na Europa. A combinação de fatores económicos, sociais e ambientais influenciou a compra, a venda e o arrendamento de imóveis em toda a região.  Neste artigo, vamos analisar de perto os principais acontecimentos e tendências que moldaram o setor imobiliário europeu durante o verão e marcaram a tendência para o início do ano letivo.

 

1 - As taxas de juro continuam a subir

As taxas de juro continuaram a subir de forma generalizada na Europa durante o verão de 2023, tornando o acesso ao crédito à habitação cada vez mais complicado. Com efeito, os mutuários já não beneficiam das taxas historicamente baixas que se verificavam há dois anos e dão por si em situações por vezes incríveis. Isto não está a ajudar a estimular a procura por habitação. Assim, a subida muito rápida das taxas de juro, instilada pelo Banco Central Europeu (BCE), abrandou de -0,5% para 4% em pouco mais de um ano.

 

Esta situação está a provocar um abrandamento em todos os mercados imobiliários europeus, tanto no setor residencial como no comercial. Os compradores estão cada vez mais relutantes em comprar um imóvel, uma vez que as taxas de juro aumentam consideravelmente o seu custo total de aquisição. Pudemos constatar uma quebra nas vendas de cerca de 25% na região de Paris durante o segundo trimestre de 2023 mas também uma queda de 26% nos pedidos de licenças de construção na Alemanha em maio de 2023, em comparação com maio de 2022. Verifica-se um declínio geral do mercado imobiliário em toda a Europa.

2A procura crescente de habitações sustentáveis

No verão de 2023, assistiu-se a um aumento do interesse dos compradores por casas sustentáveis e ecológicas na Europa. Os compradores estão cada vez mais conscientes da importância de reduzir a sua pegada de carbono, o que impulsionou a procura de casas ecológicas e de edifícios energeticamente eficientes. Num contexto em que os preços da energia continuam a ser muito elevados, as chamadas tecnologias verdes (painéis solares, sistemas de gestão de energia, etc.) tornaram-se características atrativas para os potenciais compradores. De facto, estes veem-nas como uma forma de fazer um gesto em prol do ambiente, mas também como uma forma de poupar dinheiro a médio/longo prazo.

3 - Constrangimentos económicos relacionados com os materiais de construção

O verão de 2023 foi também marcado por constrangimentos económicos relacionados com os materiais de construção na Europa. Os preços das matérias-primas e, por conseguinte, dos materiais de construção aumentaram em 2021 e 2022. Este aumento está a abrandar em 2023. No entanto, os materiais que requerem muita energia para serem fabricados continuam a registar custos de produção mais elevados. É o caso dos azulejos, da caixilharia em PVC, dos espelhos e dos vidros.

 

Embora se verifique uma relativa estabilização dos preços de outros materiais, o setor da construção civil e imobiliário está a sofrer as consequências. Com atrasos em certos projetos e aumentos de preços nas novas construções, estes diferentes setores procuram soluções junto dos seus vários interlocutores e parceiros.

4 - Alteração da regulamentação do sector imobiliário

Muitos países europeus introduziram ou alteraram a regulamentação do setor imobiliário durante o verão de 2023. Algumas zonas impuseram restrições ao arrendamento de curta duração e ao arrendamento turístico, enquanto outras introduziram incentivos fiscais para encorajar a reabilitação energética de edifícios existentes. Estas regulamentações tiveram um impacto na forma como os investidores e os proprietários gerem o seu património imobiliário.

5 - A redefinição das zonas urbanas

O verão de 2023 assistiu a uma redefinição de alguns espaços urbanos na Europa. Muitas cidades procuraram repensar a sua conceção para responder à evolução das necessidades da população. É o caso, nomeadamente, dos espaços verdes, da mobilidade sustentável e da densificação urbana. Estas iniciativas tiveram um impacto na procura de habitação em algumas zonas.

6 - Inovações tecnológicas

As inovações tecnológicas continuaram a moldar o mercado imobiliário na Europa. As visitas virtuais, a modelação 3D e as assinaturas eletrónicas modernizam o processo de compra e venda de imóveis.

 

As visitas virtuais facilitam aos utilizadores a visualização dos espaços em 3D. Tal oferece a oportunidade de poderem ver as propriedades à distância, o que melhora a experiência do comprador e poupa tempo aos agentes imobiliários.

 

O Big Data, por outro lado, permite recolher e analisar uma multiplicidade de informações relativas ao mercado imobiliário. Tal ajuda os agentes imobiliários a satisfazer melhor as necessidades dos seus clientes e a tomar decisões estratégicas.

 

O Blockchain também entra em jogo. Trata-se de uma inovação tecnológica importante e emergente no setor imobiliário que permite proteger a informação relacionada com as transações imobiliárias e maximizar a confiança entre os intervenientes.

 

A introdução destas novas tecnologias facilita a procura e a compra de bens imobiliários à distância.

7 - Investimento estrangeiro

O verão de 2023 assistiu a um aumento notável do investimento estrangeiro na Europa. Muitos investidores internacionais consideraram o mercado imobiliário europeu como um porto seguro para os seus capitais, nomeadamente nas grandes cidades e nas zonas turísticas. Esta procura estrangeira fez disparar os preços em algumas regiões.

 

 

Em conclusão, o verão de 2023 foi um período de transição para o mercado imobiliário europeu, marcado por uma procura crescente de habitação sustentável, desafios persistentes relacionados com o contexto económico, o aumento das taxas de juro, a integração de novas tecnologias no percurso de compra e venda de imóveis, restrições relacionadas com os materiais de construção, regulamentos em constante mudança e uma redefinição das áreas urbanas. Estas tendências são suscetíveis de continuar a moldar o mercado imobiliário europeu até ao final do ano e no futuro. De acordo com alguns especialistas, a recuperação da economia europeia está no horizonte em 2024. Trata-se de uma boa notícia para o mercado imobiliário europeu.

 

 

 

 

 

 

 

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