Se quer comprar um imóvel em Portugal, pode ter a sorte de encontrar um imóvel rural barato que poderá comprar a pronto com dinheiro ou pode ter fundos disponíveis provenientes da venda de um imóvel ou empresa ou até uma herança que poderá usar para comprar sem ser necessário recorrer ao financiamento. No entanto, a maioria dos compradores tem de recorrer ao crédito para financiar parte do valor da compra e, desta forma, têm de pensar cuidadosamente sobre as opções de empréstimos disponíveis.
Haverá sempre uma diferença na moeda, a menos que contratualize um empréstimo em euros. Se pedir dinheiro emprestado na moeda do seu país, estará exposto a flutuações cambiais que podem eventualmente levar a que o valor do crédito exceda o valor do imóvel, caso a sua moeda perca valor. Por outro lado, se pedir o empréstimo em euros mas amortizar o crédito com rendimentos noutra moeda, os seus pagamentos mensais irão variar. Se a sua moeda perder valor, será mais difícil pagar as prestações.
Terá de pensar cuidadosamente antes de escolher, e talvez assegurar uma margem de 20%, para garantir que não fica sobrecarregado.
Para os proprietários que têm uma margem significativa da titularidade da sua própria casa, poderá ser sensato hipotecar esse imóvel para ajudar a pagar uma casa em Portugal. No entanto, se as coisas correrem mal, estará a colocar a sua própria casa em risco. Também pode chegar à conclusão que a taxa de juro que terá de pagar é superior à que pagaria se pedisse um empréstimo em Portugal, onde as taxas de juro são muito competitivas.
Uma possível vantagem é que poderá conseguir uma hipoteca no seu país, onde pagará apenas os juros - embora estas sejam muito mais difíceis de alcançar desde a crise internacional do crédito. Não existem opções de financiamento apenas com juros em Portugal. Se tiver, por exemplo, uma grande carteira de investimentos a longo prazo, pode fazer sentido pedir dinheiro emprestado apenas com juros, em vez de liquidar investimentos, especialmente se estes são rentáveis em termos fiscais (tais como os ISAs).
Muitos bancos disponibilizam créditos internacionais para outros países nos quais operam. O Barclays, por exemplo, financia a aquisição de imóveis em Portugal, assim como concede empréstimos para a compra de imóveis em França, Espanha e Itália. No entanto, muitos bancos não concedem empréstimos para a compra de imóveis internacionais ou restringem os seus empréstimos a determinados tipos de imóveis ou locais. Embora esse caminho o possa ajudar a contornar a barreira da língua, talvez não seja a opção mais rentável ou tenha a melhor taxa de juro.
Os bancos portugueses estão disponíveis para conceder créditos a não residentes. Pode ir diretamente a um dos grandes bancos - Santander, Novo Banco, BBVA, EuroBic ou Bankinter, mas as agências locais têm uma autonomia considerável e pode ter que abordar várias, até que encontre a oferta mais vantajosa. A língua, como tantas vezes acontece, também pode ser um problema - lembre-se, mesmo que fale português, há um vocabulário muito específico relacionado com finanças, que pode tornar o processo muito difícil. A melhor opção é recorrer a um mediador de crédito, acostumado a lidar com este tipo de transações e que sabe exatamente quais os bancos e agências a consultar, para que assim, e muito provavelmente, consiga uma taxa de juro mais baixa para si.
As taxas de juro são geralmente variáveis, com base na Euribor mais uma percentagem (a Euribor a 12 meses é atualmente -0,16%), mas estão disponíveis taxas fixas até 20 anos. Se optar pela taxa fixa, terá de pagar uma bonificação - por exemplo, 2,99% contra 2,25% na taxa variável - mas se acha que as taxas vão provavelmente subir, então o pagamento da bonificação valerá a pena.
Geralmente os não residentes podem obter um crédito a 25 anos e os residentes um crédito até 30 anos. Os residentes também têm uma vantagem quando se trata do valor do empréstimo. Os não residentes terão de efetuar um depósito de 30%, mas aos residentes só é pedido 20%. No entanto, os residentes e não residentes estão em pé de igualdade no que toca a dois aspetos menos positivos da obtenção de um crédito em Portugal - muita documentação e honorários elevados (cerca de 600 euros).
Aqui pode ver um exemplo real das despesas relacionadas com um empréstimo. O acordo foi fechado em 2017, o preço da casa é de 118.500 euros e o empréstimo bancário (80%) - 102.200 euros (leia a nossa entrevista com o proprietário do imóvel).
Os créditos portugueses também estão sujeitos a rigorosos critérios de viabilidade. As suas prestações não devem equivaler a mais de 30 a 35% dos seus rendimentos mensais líquidos. Não existem créditos específicos para a compra de imóvel para arrendar em Portugal, pelo que o rendimento obtido com o arrendamento não será tido em conta na avaliação do seu empréstimo, apenas os seus próprios rendimentos.
Despesas relacionadas com o empréstimo | Pagamento (EUR) |
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Tradução de documentos (quando necessário) | 147,38 |
Certificação de tradução | 50,90 |
Honorários com a avaliação da casa | 196,80 |
Honorários com o empréstimo | 100,00 |
Total | 495,08 |
Também pode verificar que certos tipos de imóveis tornam a concessão de crédito mais difícil. Os imóveis rústicos, particularmente onde é necessária uma renovação de fundo, podem tornar o acesso ao financiamento mais complicado - assim como nos imóveis que requerem grandes benfeitorias, mesmo nas cidades. Nesse caso, a hipoteca do seu atual imóvel é provavelmente a melhor opção.
Uma dica final, quando estiver a planear o seu orçamento e aquilo que pode pagar, não se esqueça de ter em conta os impostos de transferência e os custos legais. Em Portugal, estes podem corresponder até 10% do preço do imóvel, logo terá de garantir que pode lidar com essas despesas, bem como o valor do depósito exigido.